segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Debate, viagens e guerra jurídica

Última semana de campanha no Paraná deve ser tensa, com acusações entre Beto Richa e Osmar Dias subindo de tom

Debate, viagens e guerra jurídica

Última semana de campanha no Paraná deve ser tensa, com acusações entre Beto Richa e Osmar Dias subindo de tom


Os dois principais candidatos ao governo do Paraná, Osmar Dias (PDT) e Beto Richa (PSDB), passarão a última semana de campanha viajando e enfrentando um ambiente de tensão nos bastidores. A tensão cresceu com acusações de parte a parte cada vez mais contundentes e batalhas jurídicas entre as coordenações de ambas as campanhas.
Além disso, os candidatos participarão do debate na RPC TV, na terça-feira, que será a última oportunidade de confronto pessoal entre Richa e Osmar antes das eleições do próximo domingo e está sendo encarado como decisivo pelas duas coligações (ver box).
Fotos: Jonathan Campos / Gazeta do Povo
Fotos: Jonathan Campos / Gazeta do Povo / Osmar Dias - “Esse bate-boca não me interessa. Aliás, cadê a aura de bom moço [de Beto Richa]? Acabou? Aquele bom moço que foi fabricado derreteu?”



“O meu adversário censura pesquisa, censura colunista. Isso é uma diferença grande entre nós. A outra coisa é que eu costumo cumprir minha palavra” + ampliar imagem
Osmar Dias - “Esse bate-boca não me interessa. Aliás, cadê a aura de bom moço [de Beto Richa]? Acabou? Aquele bom moço que foi fabricado derreteu?” “O meu adversário censura pesquisa, censura colunista. Isso é uma diferença grande entre nós. A outra coisa é que eu costumo cumprir minha palavra”
Debate na RPC TV pode ser decisivo
Os quatro candidatos a governador cujos partidos têm representatividade no Congresso Nacional, Osmar Dias (PDT), Beto Richa (PSDB), Paulo Salamuni (PV) e Luiz Felipe Bergman (Psol) participam nesta terça-feira, dia 28, às 22 horas, do debate promovido pela RPC TV. Será o último con­­­fronto entre os concorrentes antes do primeiro turno das eleições, no próximo domingo.
Leia a matéria completa
Os departamentos jurídicos das campanhas estão de prontidão para eventuais deslizes e irregularidades do adversário. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) admite que o número de ações aumentou consideravelmente.
Na última sexta-feira, Beto Richa ingressou com mais duas ações na Justiça contra a coligação de Osmar Dias. Uma delas é contra o candidato a vice na chapa do pedetista, Rodrigo Rocha Loures. Segundo o advogado Ivan Bonilha, da coligação de Richa, Rocha Loures tem feito cursos sobre inserção do jovem no mercado de trabalho, apresentando-se como candidato e sorteando um computador ao final do evento. De acordo com o jurídico de Richa, isso caracteriza abuso de poder econômico e pode culminar na cassação do registro de candidatura.
Outra ação contra Osmar é um convite que foi postado no site do pedetista para eleitores trabalharem nos últimos seis dias de campanha, ao preço de R$ 60 – segundo a assessoria do pedetista, o isso decorreu de uma “sabotagem”. “Isso é compra de votos”, diz Bonilha. Já a coligação de Osmar ingressou na sexta-feira com uma ação de investigação judicial por abuso de propaganda institucional. Segundo o advogado Leandro Rosa, a propaganda da prefeitura está “casada” com a do candidato Richa.
Richa e Osmar devem ir para a estrada e tentar visitar o maior número de municípios possível nesta última semana. A assessoria de Beto informou que a agenda do candidato ainda não está definida, mas o tucano deve viajar bastante e irá cumprir o roteiro que inclui uma última visita às grandes cidades do estado. Eventos em Curitiba e região metropolitana também devem ocupar a agenda do ex-prefeito. A semana de Osmar deve ser parecida, com viagens ao interior, carreatas, comícios e encontros com lideranças dos principais municípios do estado. Os respectivos candidatos a vice-governador cumprirão agendas paralelas, procurando cobrir o maior número de cidades em visitas.
De hoje até domingo, quando os mais de 7 milhões de paranaenses esperados pelo TRE irão às urnas para escolher o novo governador do Paraná, o clima tenso e agitado dos últimos dias de campanha deve recrudescer, levando-se em conta os últimos acontecimentos na campanha. Se há um mês as circunstâncias indicavam uma vitória tranquila do Beto, a subida de Osmar – muito influenciada pelo apoio do presidente Lula – impossibilitam o prognóstico quanto ao resultado das eleições, com a forte tendência de uma eleição extremamente disputada, aos moldes da disputa entre Osmar e Requião na eleição de 2006.
Para o professor de Ciência Política da UFPR Adriano Codato, o tom da reta final deve ser agressivo e o resultado da eleição é imprevisível. “Sem os dados das pesquisas a situação atual é misteriosa. A única certeza que temos é que os ânimos devem se acirrar e as criticas e ataques se tornarem mais contundentes”. Para Codato, a grande surpresa da eleição foi a capacidade de transferência de votos do presidente Lula para Osmar. “Particularmente, não acreditava que o presidente conseguiria associar tão notavelmente seu nome a Osmar Dias, um político que notoriamente não pertence ao mesmo grupo político. Mas a estratégia, ao que parece, deu certo” , analisa.
O clima que ficou ainda mais tenso depois de o PSDB ter conseguido que a Justiça Eleito­­­ral suspendesse a divulgação de três pesquisas de intenção de votos ao governo do Paraná. A mais recente, do Ibope, seria divulgada na quinta-feira. Antes, já tinha sido proibida na terça-feira, por força de uma liminar, a publicação de pesquisa realizada pelo Vox Populi; e, na quarta-feira, foi proibido o levantamento do Datafolha.
Na quinta-feira, o juiz eleitoral Juan Daniel Pereira Sobreiro, atendendo a uma ação da campanha de Osmar concedeu liminar suspendendo o envio de e-mails do candidato do PSDB com números de intenção de voto de uma pesquisa não registrada no TRE-PR. A mensagem enviada afirmava que Richa estaria à frente de Osmar. Como a Justiça Eleitoral proíbe a divulgação de pesquisas sem registro, o juiz acatou o pedido de liminar e determinou multa de R$ 300 mil para uma possível reincidência.
Nas ruas, a campanha também esquentou e um confronto violento entre militantes rivais foi verificada em Maringá.

Nenhum comentário: