quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Lula vem com Osmar Dias ao Paraná e Requião ignora


O presidente vem prestigiar a posse do primeiro desembargador cego do País – no avião com Lula, vem o senador Osmar Dias

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Paraná, na noite desta quinta-feira (17), gerou um mal-estar político para o governo Requião — acompanhando Lula no voo presidencial estava o senador Osmar Dias (PDT), pré-candidato ao governo do Estado. Resultado: o governador Roberto Requião (PMDB), viajou para Foz do Iguaçu, deixando a recepção de Lula e Osmar para seu vice, Orlando Pessuti (PMDB), também pré-candidato.

Oficialmente, Requião viajou para cumprir agenda no interior. Nos bastidores, sua ausência é tida como uma retaliação ao ministro Paulo Bernardo (Planejamento), que adiantou, na última sexta-feira (11), apoio do PT a Osmar nas eleições de 2010. Na sexta, Bernardo disse que o PT paranaense deve entrar “de cabeça” na campanha de Osmar.

Coincidência ou não, a assessoria de Osmar, em Brasília, confirmou à reportagem que o senador viajou junto de Lula para Curitiba, a convite do presidente. As declarações de Bernardo teriam sido a gota d’água para Requião. Já na segunda-feira, a esposa do ministro e presidente do PT no Paraná, Gleisi Hoffmann, visitou Requião e disse que não havia nada fechado entre PT e PDT no Estado.

Alertada sobre a zona de conflito entre PT e PMDB paranaenses, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata à sucessão presidencial, não veio à capital paranaense.

Posse
O presidente Lula da Silva fez questão de prestigiar, nesta quinta, a posse do único integrante cego do Ministério Público no País, o procurador Ricardo Tadeu da Fonseca, de 50 anos, como desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, em Curitiba. Fonseca se tornou agora o primeiro juiz portador de deficiência visual. Ao ser escolhido de uma lista tríplice apresentada pelo tribunal, Fonseca declarou, há dois meses, que realizava “um sonho”.

Um dos redatores da Convenção Internacional sobre Direitos de Pessoas com Deficiência, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006, ele atuava havia 18 anos no Ministério Público do Trabalho. Em entrevista recente, Fonseca declarou que, apesar de dominar o braile, poderá se valer de assessores que leiam processos ou descrevam fatos. “Minha situação é a mesma de um juiz que se serve do tradutor juramentado”, explicou.

Uma paralisia cerebral no nascimento provocou perda parcial de visão de Fonseca. Aos 23 anos, quando cursava o terceiro ano da faculdade de Direito, ele ficou totalmente privado da visão. Os colegas gravavam o conteúdo de livros e as aulas, até a formatura.

Batalhador
“Ninguém me dava emprego”, contou. Ele não desistiu. Estudou e passou em sexto lugar no concurso para procurador do Trabalho, em 1991.
Em 2002, Fonseca mudou-se para Curitiba, onde se doutorou na Universidade Federal do Paraná.

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