terça-feira, 5 de outubro de 2010

Maioria dos candidatos apoia Dilma nos estados onde haverá 2º turno


A vantagem da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, sobre o presidenciável tucano, José Serra, deve ser mantida, no segundo turno, na disputa pelos governos estaduais. Dos 18 aspirantes ao cargo de governador em nove unidades da Federação, 11 apoiam a ex-ministra-chefe da Casa Civil, enquanto sete ficam do lado do político do PSDB. Em números, essa margem significa um universo de pouco mais de 1,7 milhão de votos para a representante do PT, levando em consideração a votação recebida somente pelos candidatos que participarão da segunda etapa do pleito.

Para exemplificar a zona de conforto de Dilma nos próximos 30 dias em relação à disputa nos estados, dois colégios eleitorais — Amapá e Paraíba — apresentam os dois adversários como aliados da petista. No primeiro, Lucas (PTB) e Camilo Capiberibe (PSB) manifestaram apoio à presidenciável no primeiro turno e a tendência deve ser mantida agora. Para evitar qualquer tipo de saia justa, no entanto, Dilma deve adotar uma postura positiva, mas sem uma participação com tanto afinco na campanha de ambos. Ela quer evitar reclamações dos comandos de campanha estaduais de que se esforçou mais para um ou outro lado.

O segundo exemplo é um pouco mais complexo. Com cerca de 1,8 milhão de votos recebidos pelos dois candidatos que estão no segundo turno, Dilma vai precisar de habilidade política. Zé Maranhão (PMDB) é apoio certo à petista. O partido ao qual ele pertence é o mesmo de Michel Temer, vice na chapa presidencial. Já Ricardo Coutinho, que ficou em primeiro lugar na votação de domingo, pertence ao PSB, legenda que também faz parte da coligação de Dilma. Coutinho, oficialmente, trabalhará em prol da presidenciável, mas, na prática, deve adotar uma postura mais neutra, porque tem fortes ligações com integrantes do PSDB e uma simpatia pelo projeto de José Serra.

A Região Centro-Oeste entra no mapa de prioridades da campanha do PT. Em Goiás, as eleições foram para o segundo turno com Marconi Perillo (PSDB) apoiando Serra e Íris Rezende (PMDB) pedindo votos para Dilma. No primeiro turno, Perillo teve 1,4 milhão de votos contra quase 1,1 milhão de Rezende. Dilma Rousseff e José Serra têm o desafio de manter a votação de seus aliados e conseguir atrair a dos adversários.

Constrangimento
No Distrito Federal, a história é, no mínimo, curiosa para o candidato tucano. Quando Joaquim Roriz (PSC) ainda era candidato ao governo distrital, o número e a logomarca da campanha de José Serra apareciam nas propagandas de Roriz, mas o tucano não esteve, em momento algum, ao lado do ex-governador do DF porque não queria ter a imagem associada à do político do PSC, às voltas com problemas na Justiça. Com a entrada da mulher de Roriz na chapa, Weslian Roriz (PSC), e a ida do pleito ao segundo turno contra o petista Agnelo Queiroz, Serra pode mudar de ideia.

Em desvantagem, o tucano não pode se dar ao luxo de desprezar a parcela de votos recebida por Weslian — algo em torno de 440 mil —, especialmente porque a ausência de Serra no Distrito Federal durante o primeiro turno prejudicou bastante o desempenho do PSDB local. O próprio presidenciável terminou em terceiro lugar aqui e a legenda só elegeu dois representantes na Câmara Legislativa, mas se a Lei da Ficha Limpa não for aplicada nestas eleições, uma das vagas pode cair no colo do PMDB.

O número
11
Número de candidatos aos governos locais que apoiam Dilma Rousseff

Tião vence no Acre

Em uma das eleições mais acirradas do Brasil, o senador Tião Viana (PT) foi eleito governador do Acre com 50,51% dos votos válidos, contra 49,18% de Tião Bocalom (PSDB). A contagem no estado foi lenta e a divulgação do resultado só ocorreu depois das 16h de ontem. Com isso, o PT mantém a tradição de ocupar aquele governo desde 1998. Viana não esperava tanta dificuldade nas urnas porque as pesquisas de intenção de votos indicavam vantagem bastante ampla. Entretanto, ele foi eleito com 170.202 votos, uma diferença de 4.497 sobre o tucano.

Ontem, antes mesmo que o Tribunal Regional Eleitoral do Acre confirmasse o resultado, Tião Viana foi a uma praça próxima à sede do governo estadual para comemorar a vitória. Em discurso no local, ele afirmou que precisou enfrentar “a mentira e a deslealdade” para alcançar o feito. Ele se referia a um incidente com a Polícia Federal (PF).

Na última sexta-feira, a PF apreendeu computadores da Secretaria de Comunicação do governo acriano e equipamentos da área de comunicação da Assembleia Legislativa porque havia a suspeita de que fotógrafos oficiais estavam trabalhando ilegalmente na campanha de Viana. Na ocasião, o governo do Acre divulgou nota garantindo que, se alguma irregularidade fosse encontrada no material recolhido, as pessoas responsáveis seriam punidas.

“Nas eleições, lutamos com as armas que temos. A nossa foi a lealdade. Dos 24 deputados estaduais, 16 são nossos e também elegemos cinco dos oito federais, além de um senador”, afirmou o governador eleito. Viana ainda minimizou o fato de a diferença de votos entre ele e Bocalom ter sido tão pequena. “Nós vencemos e a diferença não importa. O importante é que venceram a coerência e a capacidade de governar com dignidade”, completou. (IS)

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