sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Apostar nas ações da TIM é muito arriscado, dizem analistas


A decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que impõe à Telco, controladora da Telecom Itália, a realização de uma oferta pública de aquisição (OPA) para ações da TIM provocou uma corrida pelos papéis na Bovespa nesta sexta-feira (23/1). Embora ninguém saiba ainda ao certo qual seria o valor oferecido pelas ações, os investidores se animaram com a possibilidade de altos lucros e foram às compras, elevando o preço dos papéis ordinários em até 31% durante o dia. "Como a crise depreciou demais as ações, é praticamente certo que o valor a ser fixado na OPA será razoavelmente superior ao praticado atualmente", diz o economista da corretora Alpes, José Góes. Em abril de 2007, quando foi fechado o contrato de venda da holding Olimpia, que detinha o controle da Telecom Italia, para a Telco, as ações da TIM eram negociadas na casa dos 11 reais. Ontem, quando ainda não havia notícias sobre a decisão da CVM, os papéis custavam 5,31 reais. Em relatório, o Unibanco explica que não é possível calcular um valor para as ações na OPA porque não foi divulgado o preço atribuído às operações da Telecom Itália no Brasil na ocasião da venda da Olímpia para a Telco. O mercado conhece apenas o valor total do negócio, que foi fechado por 4,1 bilhões de euros. E essa é apenas uma das incertezas que tornam o negócio arriscado. A Telco poderá recorrer da decisão da CVM e, para os especialistas, a companhia não medirá esforços para evitar a realização de uma OPA. "Se a questão for parar na Justiça, poderá levar meses, talvez anos, para se chegar a um posicionamento definitivo", diz Góes. Nesse caso, o custo de oportunidade para o investidor poderá ser bastante alto. "Se ficar definido que não haverá OPA, o preço da ação vai despencar. E, mesmo que haja um parecer favorável à realização da OPA, o tempo poderá ter comido grande parte do ganho. Pesando todos os fatores, eu não arriscaria", diz Eduardo Roche, gerente de análise do Modal Asset Management. Briga de gigantes Pelas leis que regem o mercado acionário brasileiro, toda vez que há troca de controle numa empresa listada na Bolsa, é obrigatória a realização de uma OPA. A oferta garante aos minoritários a chance de vender seus papéis por um valor, no mínimo, equivalente a 80% do oferecido aos controladores. No entendimento da CVM, com a venda da Olimpia para a Telco - um consórcio formado pela Telefônica, bancos italianos Mediobanca e Intesa Sanpaolo, pela seguradora Assicurazioni Generali e pela holding da família Benetton, a Sintonia -, houve troca indireta de controle na TIM. Portanto, caberia a realização de uma OPA. O Unibanco ressalta, porém, que a Telco poderá utilizar negociações anteriores como argumento de defesa. Em 2001, a Olimpia comprou da Olivetti 18% de participação na Telecom Italia, sem que tenha havido oferta aos acionistas minoritários. Uma operação envolvendo a Arcelor Mittal, por sua vez, conta a favor da CVM. Em 2007, o órgão determinou que a companhia realizasse uma OPA para os minoritários no Brasil considerando a troca de controle da empresa na Europa, com a compra de 45% da Arcelor pela Mittal. A discussão sobre o assunto levou mais de seis meses, terminando com a realização da OPA.

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