quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Fumantes recorrem à calçada após lei antifumo em Curitiba


Fumante traga cigarro sentada em banco na calçada
Desde a 0h desta quinta-feira está proibido fumar em ambientes fechados de Curitiba (PR), quando entrou em vigor a Lei Municipal Antifumo, que estabelece multa de R$ 1 mil para o descumprimento da norma. Na primeira noite da nova lei, seis equipes da Vigilância Sanitária percorreram bares, restaurantes e casas noturnas da capital para fiscalizar o cumprimento da legislação. A maioria dos estabelecimentos montou espaços ao ar livre nas calçadas para os fumantes.
A equipe percorreu os bares da avenida Batel, principal ponto de vida noturna da cidade, mas não teve muito trabalho. Os estabelecimentos orientaram seus frequentadores a não fumar desde o início da noite.
"Estão todos respeitando a lei. O nível de informação é muito grande. Todos os estabelecimentos já orientaram os fumantes sobre como proceder", disse o diretor do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde, Sezifredo Paz, lembrando que se passaram 90 dias entre a sanção e a aplicação da lei.
"Até agora (2h), nenhuma multa foi aplicada por nossa equipe, único problema encontrado, mas que, por enquanto estamos apenas orientando os proprietários a adequarem, foi a criação de áreas para fumantes ao ar livre muito próximas das portas dos estabelecimentos",afirmou.
Para adaptar-se à nova lei, a maioria dos bares da avenida Batel adotou a calçada como fumódromo, reservando um espaço cercado em frente às casas para os clientes.
Controvérsia"Se adequarem os espaços para os fumantes, concordo com a lei. Acho que temos mesmo que respeitar os não fumantes. E até faz bem para a nossa saúde, pois acabamos fumando menos", disse o estudante Leonardo Polli Batistão, fumante, 21 anos. "Fumava 15 cigarros por noite, hoje fumei só cinco", afirmou.
Já assistente comercial Thaiza Evangelista estava irritada com a nova determinação. "É discriminatório sim, os estabelecimentos já tinham áreas para fumantes e para não fumantes e agora nem isso. Vamos ver se essa lei vai pegar ou vão esquecê-la como fizeram com a lei seca", disse.
Quem mais comemorou foram os não fumantes. "Vou chegar em casa sem cheiro de cigarro na roupa, sensacional", disse a podóloga Michele Varago, 25 anos. "Vou até voltar a freqüentar lugares que deixei de ir porque eram muito fechados e ficavam insuportáveis com o cigarro", afirmou. Ela disse que entende a irritação inicial dos fumantes, mas acredita que cm o tempo a norma poderá ser melhor aceita. "Ninguém fuma na igreja, por exemplo, mas nenhum fumante deixa de ir à igreja por isso", disse.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas, Fabio Aguayo, acompanhou o primeiro dia de fiscalização. Ele afirmou que a associação já move quatro ações questionando a nova lei e pede bom senso dos fiscais ao averiguar o cumprimento da regra. "Sem os fumódromos e com todas as restrições da nova lei, calculamos uma redução de 25% a 30% no movimento dos bares e de até 40% nas casas noturnas. vamos lutar por uma lei mais coerente", disse.
O diretor do Centro de Saúde explicou que a lei extinguiu os fumódromos por preocupação com a saúde dos próprios fumantes "pelo acúmulo de fumaça" e, principalmente dos funcionários das casas, "que fumantes ou não teriam que circular por tais espaços".
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, uma equipe de 210 profissionais será responsável pela fiscalização diária nos estabelecimentos. Diante de um flagrante, esses fiscais autuarão o estabelecimento, com multa de R$ 1 mil. O valor pode ser dobrado em caso de reincidência. Em uma possível terceira ocorrência, o local pode perder a licença sanitária e alvará de funcionamento.

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