sábado, 15 de janeiro de 2011

Inflação pesa mais no bolso dos idosos


As famílias, cuja a maioria das pessoas é da terceira idade, sentiram mais o peso da alta dos preços. Com isso, a inflação para esse grupo foi de 6,27% em 2010. O resultado ficou acima da média nacional.

Mais uma vez os alimentos foram o responsáveis pelo maior peso no bolso do grupo de consumidores. No entanto, para as pessoas com mais de 60 anos, além da necessidade de consumo de alimentos, normalmente, mais caros e com melhores nutrientes, serviços de saúde e remédios também contribuem para o aumento da pressão inflacionária.
O Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) publicou ontem o IPC-3i (Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade), que variou 6,27%.
Enquanto isso, o IPC-BR (Índice de Preços ao Consumidor - Brasil), também desenvolvido pelo Ibre, variou 6,24% no ano. Este indicador aponta a variação de preços das famílias com renda mensal de até 33 salários-mínimos.
O indicador oficial de inflação do País, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também ficou abaixo do IPC-3i. Conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), responsável pela apuração deste indicador, a inflação para as famílias com renda entre um e 40 salários-mínimos, acumulada em 2010, foi de 5,91%.

CÁLCULO - Colocando o avanço médio dos preços no papel, um produto que custava R$ 25 no fim de 2009 passou para R$ 26,56 no fim do ano passado para a terceira idade. Na mesma comparação, com base no IPCA, o custo seria de R$ 26,40. A diferença parece pequena, mas quando é distribuída para todos os gastos no mês pesam.
Se o carrinho de compras mensal era de R$ 1.000 no fim de 2009, os idosos passaram a gastar R$ 1.062. E com R$ 62, da inflação, seria possível comprar a mistura de uma semana ou até mesmo um remédio.
"Os planos de saúde também pesam bastante para os idosos. Hoje você não acha um por menos de R$ 300. E qualquer variação neste valor acaba tendo grande peso no orçamento", explicou o o coordenador do Instituto de Pesquisas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Campi Prearo.

Alta é a principal dos últimos oito anos
A inflação da melhor idade no quarto trimestre do ano passado foi de 2,46%. Este resultado é o maior para o período desde 2002, quando o percentual chegou a 6,60%.
O desempenho foi 2,41 pontos percentuais maior do que o registrado no terceiro trimestre de inflação, de 0,05%. No entanto, os primeiros três meses de 2010 tiveram avanço nos preços médios acumulados de 2,72%.
Os alimentos foram os protagonistas do cenário de alta do indicador, com variação positiva de 5,15%. A contribuição deste grupo foi de 1,60 ponto percentual.
Conforme o Ibre/FGV, a segunda maior alta do IPC-3i foi do grupo vestuário. O encarecimento médio das roupas foi de 2,39%. No entanto, a contribuição para a inflação foi de 0,08 ponto percentual.
GRUPOS - Todos os itens do IPC-3i subiram. Além da alimentação e vestuário, o grupo habitação subiu 0,88%, saúde e cuidados pessoais tiveram elevação de 1,22% e transportes acréscimo de 2,23%. Educação e despesas diversas expandiram, respectivamente, 1,87% e 0,85%.
Queda no rendimento faz alimentos pesarem
Os alimentos pesam mais no bolso dos consumidores da terceira idade, principalmente, pela queda no rendimento, enquanto a inflação continua subindo, e a necessidade de dieta regrada.
De modo geral, a tendência é que os idosos tenham redução na renda em comparação ao que recebiam no mercado de trabalho, disse o coordenador do IPC-USCS/ABC (Índice de Preços ao Consumidor da Região), Lúcio Flávio Dantas.
"Enquanto está trabalhando, seu rendimento é maior. Mas quando sai do mercado de trabalho, via de regra, a renda diminui e o nível de consumo não", disse o pesquisador.
Como a tendência é de diminuição da renda, o custos dos produtos e serviços pesam mais. Quanto menor o orçamento dos consumidores, maior será o comprometimento deste valor com alimentação. "E, em geral, os idosos acabam se enquadrando neste caso", destacou Dantas. Ele lembrou que os gastos com saúde, que tendem a aumentar mais que a renda, também pesam.

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