Para muitos adolescentes de 16 anos, consumir bebidas alcoólicas faz parte da rotina diária. Outros acreditam que o legal é beber até cair. Há também quem comece a beber com menos de 13 anos. Fatores como relações familiares ruins ou péssimas, pais que bebem demais, jovens e famílias que não seguem religião e desempenho escolar ruim contribuem para aproximar o jovem da droga lícita. Essas são algumas conclusões da pesquisa “Este Jovem Brasileiro”, desenvolvida pelo Portal Educacional em parceria com o psiquiatra Jairo Bauer, para compreender a relação dos jovens com as bebidas e estimular ações educativas que ajudem a minimizar comportamentos de risco.
A pesquisa contou com a participação de quase 12 mil alunos entre 13 e 18 anos de 96 escolas particulares de várias cidades do Brasil, que responderam anonimamente a um questionário online no período de 18 de maio e 6 de julho deste ano. O álcool foi tema da quinta edição do projeto, que já ouviu 42 mil alunos sobre os temas Comportamento e Risco, Valores e Atitudes, Relações Familiares e Sexualidade.
Em Maringá, o Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CapsAD), que oferece tratamento ambulatorial para dependentes químicos, o levantamento epidemiológico dos pacientes não especifica a idade, apenas o tipo de doença, o que não significa que o número de adolescentes atendidos seja inexpressivo. “Me lembro do caso de um garoto de 12 anos que foi internado, no ano passado, em coma alcoólico”, diz Cíntia Zini, enfermeira do ambulatório. No entanto, segundo ela, apesar dos casos de uso abusivo de álcool e maconha, a droga de maior incidência entre os adolescentes é o crack.
O Conselho Municipal Antidrogas (Comad) também não dispõe de dados sobre a prevalência do uso de álcool entre adolescentes. Mas, segundo a psicóloga Maricelma Brégola, presidente do Comad, os resultados apresentados são muito semelhantes ao que se percebe no ‘olhômetro’, e não apenas entre as pessoas com menos de 18 anos. “A bebida alcoólica está na mesa do brasileiro como a água e o refrigerante”, diz ela.
A pesquisa realizada com os estudantes apontou que mais de 50% dos jovens que já beberam começaram com os amigos, mas 42% tiveram o primeiro contato com o álcool com familiares. Para Maricelma, esse resultado não surpreende. “A família permite que a criança experimente e normalmente o primeiro contato ocorre cedo. Em festas de aniversário de um ano e até de batizado têm bebida. E quem é que compra? Os pais. A festa é para eles, não é para as crianças”, diz.
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