sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Dilma na posse de Vieira: escolha política não desmerece governo


Laryssa Borges
Direto de Brasília


A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira, ao empossar o novo ministro do Turismo, Gastão Vieira (PMDB-MA), o uso de escolhas políticas para a montagem de seu governo. O novo titular da pasta, sucessor de Pedro Novais, tem carreira voltada à educação e nunca exerceu funções ligadas ao Turismo. Apadrinhado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Vieira foi alçado ao cargo após Pedro Novais não resistir a denúncias de uso de dinheiro público para o pagamento de um motorista e uma governanta.
"Escolhas políticas não desmerecem nenhum governo. É com políticos, partidos políticos, técnicos e especialistas que se governa um País tão complexo como o Brasil. A política bem exercida é uma atividade nobre e imprescindível à sociedade democrática", disse a presidente.
Na solenidade de posse, realizada em uma sala reservada do Palácio do Planalto e sem a presença da imprensa, Dilma agradeceu o antecessor no ministério, Pedro Novais, que não estava presente, e fez referência à trajetória política do novo ministro, deputado federal por cinco mandatos consecutivos. "O senhor ganhou respeito de seus pares como parlamentar competente com compromisso com a causa pública", afirmou ela, enfatizando a importância da pasta diante de eventos esportivos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016.
"Sei que o senhor terá muito trabalho a fazer. (...) Sei que o senhor tem grande capacidade como gestor público. Nós vivemos hoje no momento um Brasil em que turismo, por dois lados, é um desafio. E um dos lados é o fato de que vamos ter três grandes eventos, entre outros: a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Ao mesmo tempo pelo fato de que a taxa de crescimento dos voos domésticos no Brasil - que são um dos indicativos dos negócios e da atividade turística - atinge 20% ao ano, que é uma taxa asiática de crescimento. Aquele Brasil que recebeu renda, que teve oportunidades, que conseguiu oportunidades de trabalho e o Brasil que está começando a experimentar o fato que esse País é continental e tem tantas belezas", declarou.
Ao citar a trajetória política do novo ministro, voltada à educação, a presidente elogiou a formação do novo auxiliar e defendeu que ele utilize seus conhecimentos como educador na formação de mão-de-obra qualificada para os grandes eventos esportivos.
"Como não temos só que prover o acesso à Copa, os desafios se multiplicam e aumentam. Há muito o que fazer para melhorar a qualidade de atendimento ao turista, ao turista interno e o que vem de fora. Precisamos formar mão-de-obra. Uma pessoa que vem da (área de) Educação e tem essa paixão tem uma grande contribuição a dar", opinou Dilma.
A crise no Turismo
Pedro Novais (PMDB) entregou o cargo de ministro do Turismo no dia 14 de setembro, depois de sua situação política ter se deteriorado por suspeitas de que ele teria usado recursos públicos para o pagamento de uma governanta e de um motorista para a família. A denúncia não foi a primeira e tornou a permanência de Novais insustentável, apesar do apoio do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Ele foi o quinto ministro a deixar o posto no governo Dilma Rousseff.

A crise no Turismo começou com a deflagração da Operação Voucher, da Polícia Federal (PF), que prendeu, no início de agosto, 36 suspeitos de envolvimento no desvio de recursos de um convênio firmado entre a pasta e uma ONG sediada no Amapá. Entre os presos estavam o secretário-executivo do ministério, Frederico Silva da Costa, o secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins da Silva Filho, e um ex-presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Dias depois, o jornal Correio Braziliense publicou reportagem que afirmava que Novais teria sido alertado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as irregularidades do ministério 47 dias antes da operação da PF, sem tomar qualquer medida. Novais negou que tivesse recebido o aviso.
No dia 20 de agosto, a Folha de S.Paulo afirmou que uma emenda ao Orçamento da União feita por Novais em 2010, quando ainda era deputado federal, liberou R$ 1 milhão do Ministério do Turismo a uma empreiteira fantasma. O jornal voltou à carga em setembro, denunciando que o ministro teria usado dinheiro público para pagar a governanta de seu apartamento em Brasília de 2003 a 2010, quando ele era deputado federal pelo Maranhão. Em outro caso, o ministro utilizaria irregularmente um funcionário da Câmara dos Deputados como motorista particular de sua mulher, Maria Helena de Melo.

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